História

A primeira notícia sobre a introdução do futebol em Águeda data de 6 de Abril de 1907.

Nessa data, Armando Costa que em Independência de Águeda escrevia com regularidade sobre os assuntos desportivos relatava:

“Um grupo de rapazes de Águeda tem andado em explorações pelos arredores da vila com o fim de encontrarem um terreno que se preste à instalação de um campo de foot-ball. Já possuem os apetrechos necessários, não tendo porém, ainda acordado sobre o ponto onde deve ser estabelecido tão higiénico exercício”

As profundas alterações políticas vividas em Portugal e em Águeda não permitiram maiores desenvolvimentos destas intenções, registando apenas em 6 de Julho de 1916 outros relatos. Nessa data, foi presente à Câmara Municipal de Águeda um requerimento de António Marques de Oliveira Castilho: “organizador do grupo que em Águeda se propõe a desenvolver o foot-ball e outros ramos de sport, pedindo autorização para servir-se de nove mil e seiscentos metros quadrados de terreno na Cruz da Almagre”

Na sessão camarária, presidida pelo Vice-Presidente em exercício Celestino da Silva Neto e com a presença dos Vereadores Manuel Francisco Grilo, António Alves da Assunção e Alberto Ferreira Alves, despachou-se favoravelmente petição. E , de imediato, a 15 de Julho, “para dar seguimento aos trabalhos organizativos do grupo”, lê-se em Independência de Águeda ou como se escreve em Soberania do Povo, “a fim de se discutirem várias coisas de interesse” a Direcção convidou os “associados deste grupo” para uma reunião, que teria lugar a 21 desse mesmo mês na residência de Armando Castela.

De novo por razões conjecturais se gorou a oportunidade: a guerra haveria de levar os mais jovens para os campos de batalha de África e da Flandres. Só em 1920, se começou a jogar em Águeda o foot-ball de forma mais organizada, num campo situado no referido terreno na Cruz da Almagre. Aí nascia o “Águeda-Sporting Clube”. Posteriormente, em 1924, foi o Ninho de Águia que viu o segundo campo de Futebol e no qual o “Águeda-Sporting Clube” continuou a jogar durante uns dois anos.

Nesta mesma data a “Fábrica do Outeiro” formou o “Club Artístico, Desportivo e Cultural”.

Na parte desportiva foi escolhida a modalidade de Futebol, a que deram o nome de “Recreio Artístico”. Os sócios da dita fábrica montaram a sua sede na antiga casa do Maneca Canteiro – próximo do actual tribunal – a qual tinha uma varanda onde hasteavam a bandeira do “Recreio Artístico”. No entanto a fábrica, por motivos relacionados com a separação da sociedade, interrompeu a actividade deste desporto e nesse momento um grupo de rapazes tomou a iniciativa, chamando a si essa responsabilidade e compraram a dita bandeira para a sua nova sede.

Entretanto foram a Aveiro oficializar os seus estatutos, pelas mãos dos fundadores Ângelo Teles de Menezes, António de Sousa Carneiro e Gastão Guerra não tendo sido aprovada a designação “Recreio Artístico”, por nessa cidade já existir outro clube com o mesmo nome. Ficou sendo, então: “Recreio Desportivo de Águeda” (versão contada por Angelino Dias) – e assim nascia o Nosso Clube em 1924.

Durante breve espaço de tempo jogaram em total amadorismo num campo emprestado e que pertencia ao grupo de “Futebol da Mourisca”. (Situava-se na Alagoa – junto à Famel).

Posteriormente e pela mão de Neca Carneiro, cidadão de alta estirpe social (colaborou na fundação dos Bombeiros, onde foi Soldado da Paz, Director e Comandante; foi fundador do Recreio Desportivo de Águeda, onde foi jogador, Treinador e Director, sendo o promotor da inauguração do Campo de S. Sebastião; foi dos primeiros do renascimento do Orfeão de Águeda, onde foi Orfeonista, Director e dinamizador cénico do Teatro; foi precursor  do folclore em Águeda e ensaiou os  Ranchos Infantis nas festas escolares, participou no Rancho de Águeda, fundou e dirigiu o Rancho de Recardães que depois da sua morte se passou a designar  “Rancho Manuel Sousa Carneiro”; foi organizador e ensaiador do Rancho Conde de Sucena e da Baixa de Águeda; esteve nos primórdios do Rancho do Cabo, de Assequins; foi baterista do Águeda-Jazz) o Recreio Desportivo de Águeda sofre a sua primeira e profunda restruturação e que o ia tornar um Clube de referência no distrito e mais tarde no país.

Corria o ano de 1929 e Neca Carneiro, Sarg.º Cândido Tavares, Anselmo, Gil Brinco, Álvaro de Morais, Angelino Dias, Élio de Noronha, Élio e Alberto Rodrigues, Carménio Crespo e outros rapazes da Venda Nova, sendo alguns operários da “Fábrica do Outeiro” organizam ainda no Campo da Alagoa, um jogo contra o Albergaria Foot-Ball Club, que seria o marcar da profunda restruturação que haveria de levar o Clube até aos dias de hoje.

Estes passos deram depois lugar à inauguração do emblemático e saudoso campo do S. Sebastião, a 18/12/1930 e onde o “Recreio Desportivo de Águeda” começou a disputar os seus jogos e a alcançar as suas primeiras vitórias desportivas.

Ao longo dos seus 90 anos o Recreio não foi apenas um Clube de futebol. Foi muito mais que isso. Uma Associação Recreativa, Cultural e Desportiva ímpar na sua região e um exemplo de desportivismo nacional.

Guiado pelo espírito desportivo do seu capitão, treinador e dirigente Neca Carneiro, formou Escolas de Ginástica, Atletismo, Ténis, Basquetebol, Ciclismo, Natação e Canoagem que chegaram aos patamares máximos do Desporto Nacional e Mundial, chegando inclusive a deter vários títulos de Campeão Nacional e participações em Jogos Olímpicos.

Uma outra grandiosa figura do Recreio Desportivo de Águeda foi o Eng. Carlos Rodrigues.

Pela sua mão, o Recreio dos Anos 40, 50 e 60 ganha vulto e adquire vários títulos distritais de futebol que posteriormente iriam cimentar o Recreio enquanto Clube de valor nacional com presenças assíduas nas principais categorias do futebol português.

O Recreio manteve-se no Campo na Venda Nova até ao mês de Abril de 1974 em que foi inaugurado o actual no Redolho (a aquisição do terreno para o campo de futebol no Redolho, foi da iniciativa e compra de Prof. Marques de Queirós, na altura Presidente da Câmara).107.

A partir daqui iniciaram-se os anos de ouro do Futebol em Águeda que fizeram o Recreio ombrear com os melhores Clubes nacionais, exportando craques para todo o país e que culminou na Subida à 1ª Divisão Nacional na Época 1982/1983.